A corrida da Lontra e do Abutre-Preto.

Certo dia, na calma da floresta, uma lontra dormitava na margem do rio. De repente, sente uma bicada nas costas. Muito assustada grita: “Ai, ai! O que é isto?”.


Em resposta ouve uma voz vinda das suas costas: “Ups! Desculpa, pensei que estavas… bem…como dizer?… pensei que estivesses morta….”.

A Lontra volta-se e vê um enorme abutre-preto. Ainda atarantada responde-lhe: “Pois é… mas olha que estou bem viva… prefiro é dormitar durante o dia.”

“Oh, pois… mas olha que de animais vivos já não gosto tanto.” Disse o Abutre. “Sou mais apreciador de bichos com menos vida.” E, perguntou. “Quem és tu?”.

A Lontra respondeu chateada. “Eu sou a lontra. Vivo aqui há muitos anos. E muito feliz! Até tu chegares…. e tu, ó gigante?”.

O Abutre-preto encheu o peito: “Eu sou o Abutre-preto. Olha que sou a maior ave de rapina da Europa!”.

A Lontra quis mostrar que também era importante. “Eu não sou muito grande. Mas olha que sou bem rápida.”

O outro riu-se: “Não me pareceste nada rápida quando te biquei as costas…”. Ainda nem tinha acabado de falar, quando foi desafiado pela Lontra: “Só há uma forma de tirar a teima. Vai uma corrida?”.

A Abutre riu-se tanto que parecia uma hiena: “Ah, ah, ah. Corrida? Mas tu por acaso sabes voar?!”.

A Lontra não achou piada nenhuma: “Claro que não! Sei que para bichinhos menos inteligentes como tu a minha cauda talvez pareça uma asa, mas não é!”. E acrescentou: “Fazemos assim, eu vou pelo rio e tu vais pelo ar.”

O Abutre-preto aceitou o desafio: “Vamos a isso. O primeiro a chegar àquela árvore ali ao fundo, ganha.” E confiante, ainda subiu a parada, “E até te prometo que, se perder, vou-me embora e nunca mais te chateio”. E continuou: “Mas se eu ganhar, tu fazes tudo aquilo que eu disser durante uma semana!”.

A Lontra aceitou os termos, e lá foram eles. Nem um segundo passou, e já a lontra estava a dar à cauda com a cabeça debaixo de água. O Abutre-preto seguia muito para trás, pois demorou muito tempo até conseguir erguer as suas grandes asas com quase 3 metros de envergadura!

O suspense era muito. Mas quando parecia claro que a Lontra ia ganhar, o Abutre-preto atingiu a sua velocidade máxima!

Até que num zás, ambos cortaram a meta. A Lontra dá um pulo, e grita: “Ganhei!”, e começa a fazer troça do competidor: “Com que então, a maior ave da Europa?!”.

Contudo, o Abutre estava convencido que era o vencedor: “Não, não, Lontra. De certeza que não viste bem com aquela água toda nos olhos! Eu é que ganhei!”.

Quando iam começar a discutir, aperceberam-se que um outro animal tinha assistido à corrida na margem do rio. Será que este animal sabia quem era o vencedor da corrida? E quem seria tal animal, que não se tinha assustado com o voo de um abutre?

Não percam a continuação da história no próximo post do blog ou na revista “Dá a mão à Floresta” do próximo mês.

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