“Onde está o papa-figos?”, era a pergunta que todos faziam.
Para o flamingo, o papa-figos tinha-se distraído com as horas enquanto petiscava numa formosa árvore, a raposa concordava com o flamingo, mas nenhum deles o conseguia ver.
“Vocês sabem que é muito difícil ver o nosso pequeno amigo na copa das árvores…” – disse a raposa – “Talvez seja melhor chamar por ele!”
Todos os animais concordaram e começaram a afastar-se da planície e a aproximar-se de um aglomerado de árvores que havia ali perto, gritando o mais alto que conseguiam:
“Papa-figos! Papa-figos! Onde estás tu, papa-figos?”
O texugo, que ainda tinha a prenda para o papa-figos junto a si, acrescentava:
“Onde estás, meu amigo? Tenho aqui frutas, sementes e insetos para ti…”
Subitamente, a enérgica lebre, que corria velozmente de um lado para o outro enquanto gritava pelo papa-figos, parou!
“Vocês não ouviram nada?”, perguntou ela aos seus amigos.
“O quê?”, perguntou o ratinho, enquanto o texugo se aproximava deles.
“Era uma voz baixinha, estava a chamar por mim” …
“Era o papa-figos?”, perguntou, ansioso, o texugo.
“Acho que não…”, respondeu a lebre, acrescentando logo de seguida, “Mas vocês não ouviram nada?”
“Minha amiga lebre, acho que estás a imaginar coisas…”, respondeu-lhe o ratinho, sorrindo.
“Pois, se calhar”… disse-lhe a lebre.
“Esperem! Eu acabei de ouvir essa voz!”, diz de repente o urso.
O texugo, a raposa e o flamingo trocaram um olhar confuso, enquanto o ratinho começava a levar mais a sério a ideia de uma voz misteriosa que só alguns conseguiam ouvir:
“Bem, uma coisa é a lebre fazer confusão… agora, ser a lebre e o urso, já é coincidência a mais!”, pensou ele para os seus botões.
Estava o ratinho entretido com os seus pensamentos, quando a perspicaz raposa diz:
“Ali, ali, naquele ramo!”
Todos os animais se viraram para o ramo que a raposa indicava de uma só vez, num movimento que parecia treinado, e depararam-se… com um ramo.
Com um ramo?
Não, a raposa não estava a ver mal. Depois de olharem fixamente para o ramo durante alguns segundos, era possível perceber que um pequeno camaleão estava no seu topo!
“Olá amigos!”, disse o camaleão baixinho.
“Olá amigo camaleão!”, respondeu o texugo simpaticamente, “Tu já tinhas tentado falar connosco antes, não é verdade?”
Sorrindo, o camaleão respondeu:
“Sim, é verdade, texugo.”
“Pois é, já percebi.”, interrompeu o ratinho, “Não te conseguíamos ver nesse ramo porque estás camuflado, estás com a cor da madeira e da folhagem! Por isso é que pensávamos estar a ouvir vozes…”
Todos os animais riram a bom rir, entre eles, claro, o camaleão.
Nisto, o sensato texugo interrompeu a diversão:
“Amigo camaleão, tu por acaso não sabes por onde anda o papa-figos? É que viemos todos de propósito à sua festa de aniversário e nem sinal do nosso amigo…”
“O papa-figos?”, respondeu o camaleão, “Claro que sei! Está no seu novo ninho, com a sua amada papa-figos…deve-se ter distraído com as horas, apenas isso.”
“Aaaaaah!”, disseram todos os animais em uníssono.
“Então é isso…”, disse o ratinho, “O maroto esqueceu-se da própria festa de aniversário… mas pronto, tem uma boa desculpa!”
“E sabes dizer-nos onde fica o seu novo ninho?”, perguntou o texugo, “É que assim sendo mais vale ir até lá e surpreendê-lo… Até vai ser mais giro, não acham?”
Todos os animais responderam afirmativamente, entusiasmados com a ideia!
“Também acho, texugo, vai ser uma bela surpresa.”, confirmou o camaleão, “O novo ninho do papa-figos fica naquela direção, é uma caminhada curta” – e nisto, com a sua longa língua, o camaleão apontou a direção!
“Ena, que grande língua tens tu!”, disse admirado o urso, “Deve ser óptima para apanhar insetos!”
“É verdade, meu amigo, é verdade, mas sabes…”, disse o camaleão com uma voz um pouco triste “…estou aqui há tanto tempo e ainda nem consegui apanhar um único inseto… nem um, imagina, não sei o que se passa.”
Sem saber muito bem o que responder, o urso olhou para cima e reparou que realmente, nenhum inseto voava por ali.
“Acho que te posso ajudar, amigo camaleão”, disse então o texugo “Eu tinha aqui esta prenda para o nosso amigo papa-figos…”, disse ele mostrando metade de um coco cheia de frutos, sementes e insetos “…mas não vejo porque não havemos de partilhá-la contigo! Toma, os insetos são todos para ti!”
“Ah, não, não, eu não era capaz…”, respondeu-lhe o camaleão, algo envergonhado.
“Claro que és!”, interrompeu o ratinho, “Se não fosses tu, nunca íamos descobrir onde está o nosso amigo papa-figos! E agora, tu também és nosso amigo… Por isso, estes insetos são para ti.”
“Obrigado, amigos, obrigado!”, respondeu o camaleão, agora visivelmente mais feliz e entusiasmado ao mesmo tempo que retirava alguns insetos…
“Estão deliciosos!”, disse ele de seguida, visivelmente satisfeito.
“Olha camaleão, estava aqui a pensar…não queres ir connosco surpreender o papa-figos e a sua amada?”, perguntou o texugo.
“Bem, agora que já tenho todos estes insetos… não vejo porque não! Vamos a isso!”, respondeu o camaleão, enquanto descia da sua árvore.
O ratinho fez uma pequena dança de alegria por ter um novo companheiro de viagem tão simpático e prestável, e o flamingo, a raposa, o urso, o texugo e todos os outros amigos do papa-figos puseram-se a caminho.
Não sem antes o pequeno camaleão dizer, algo timidamente:
“Só vos pedia um favor… cuidado onde pisam! Especialmente tu, urso…”
Depois de um segundo de silêncio, os animais deram uma enorme gargalhada e puseram-se a caminho do novo ninho do papa-figos.
Será que os nossos amigos vão conseguir surpreender o papa-figos? Que outras aventuras lhes esperam? Não percas a resposta a todas estas perguntas, aqui mesmo, já em novembro!