A GRANDE AVENTURA DA EQUIPA DA RAPOSA

“É o que te digo, a raposa passou aqui a correr à procura da grande toupeira…Que será que anda a tramar?” dizia um melro ao outro, intrigado.

Era verdade, a raposa estava à procura da sua conhecida de longa data, a grande toupeira, a maior toupeira que já tinha habitado a floresta. Diziam os animais mais exagerados que era do tamanho de um javali, mas não era assim tão grande. Era só uma toupeira maior que o costume, que tinha como passatempo escavar, escavar, escavar, e encontrava todos os tesouros que existiam escondidos no solo e no subsolo. Tinha até uma coleção enorme de pedras preciosas, guardada num dos seus inúmeros túneis, que ninguém sabia onde ficava.

A raposa corria, farejando o chão, quando de repente parou para se concentrar.

“Afinal de contas, o meu sentido de olfato continua a ser excelente! Mesmo debaixo de terra, consegui encontrar-te, minha velha amiga!” disse a raposa, orgulhosa.

Na boca trazia uma pedra bem redondinha que tinha apanhado no lago do sapinho, e com cuidado deixou-a cair num dos buracos da toupeira, que estava ali ao lado. Passados poucos segundos surge a cabeça da toupeira, a espreitar.

“Uma pedra de lago, é raro encontrar destas por aqui!” disse a toupeira, cheia de terra na cabeça. “Mas uma raposa nunca dá nada sem pedir algo em troca, ainda por cima tu, raposa da floresta!”

“Bem sei que já fui assim, toupeira, mas muita coisa mudou desde a última vez que nos vimos! Bom, mas hoje vim ter contigo por um motivo muito importante. Preciso de alguém que encontre coisas perdidas no solo, e para esta tarefa não conheço ninguém melhor que tu!” respondeu a raposa, cheia de bons modos.

A toupeira riu-se como não se ria há muito tempo. Achou mesmo muita graça por ver a raposa falar de forma educada e sem matreirices. Depois saiu um pouco mais do buraco e disse que devia haver ali algum truque, pois já era uma toupeira com muita experiência e não se deixava enganar facilmente. A raposa teve paciência e explicou toda a história à toupeira que, aos poucos, foi confiando na raposa.

“A lenda do ninho de codorniz? Isso interessa-me bastante! Mas não podemos ir só nós duas, a montanha é grande e precisamos de alguém que a conheça bem!” respondeu a toupeira, entusiasmada.

“Não te preocupes, toupeira. Sabes que eu tenho sempre um plano!” disse a raposa enquanto a toupeira subia para as suas costas.

A raposa, com a pesada toupeira às costas, teve alguma dificuldade em correr, mas finalmente conseguiu chegar onde queria. Tinham já saído da floresta densa e encontravam-se num grande descampado, por onde corria um pequeno rio. A raposa foi beber um pouco de água, enquanto a toupeira farejava e encostava a cabeça ao chão para sentir as vibrações da terra.

“Há aqui túneis muito interessantes, mesmo muito!” dizia enquanto remexia na terra com as suas grandes patas em forma de pá.

“Agora preciso que me ajudes a detetar um rasto, toupeira. Por favor, concentra-te! O animal que procuramos é um mamífero que, provavelmente, nunca cheiraste antes… Mas é cada vez mais comum encontrá-lo nestas zonas. Chama-se veado-vermelho.” disse a raposa.

“Os meus túneis chegam até aqui, tola raposa!” respondeu a toupeira, ressentida. “Não há animal nestas florestas que eu nunca tenha cheirado! Aliás, mal chegámos, detetei logo que está pelo menos um do outro lado do rio.”

A raposa tentou apaziguar a toupeira e fê-la subir para as suas costas, para não se molhar ao atravessar o rio. Do outro lado não precisaram de procurar muito, pois o veado-vermelho estava logo ali por perto. Como os veados sempre fogem dos predadores, foi a toupeira que iniciou a conversa com ele. Era um jovem e valente macho que, mal ouviu falar em aventuras, se prontificou a ajudar, mesmo sendo na companhia de uma raposa.

Os três amigos seguiram viagem em direção à grande montanha, que já se conseguia ver bem de onde estavam. Pelo caminho foram falando da lenda do ninho de codorniz e, aos poucos, tornaram-se cada vez mais próximos. A raposa sabia bem que a amizade era fundamental para conseguirem cumprir a sua missão, pois é a principal força que une os animais, e por isso estava muito contente. Apenas receava a reação do último elemento que precisava para a equipa. E era, de todos, o animal mais importante…

Demoraram três dias a andar, fazendo apenas paragens para comer e descansar, até chegarem ao sopé da montanha. De perto parecia que subia até chegar ao céu!

“Vamos começar a subir com cautela. Em breve iremos encontrar o próximo membro da equipa!” disse a raposa, em tom encorajador.

A toupeira, como vê muito mal, ia bem agarradinha às costas do veado-vermelho enquanto a raposa liderava a subida.

Passado pouco tempo, ouviram um casco bater com força numa rocha. Quando se viraram, viram uma grande cabra-montês bem na sua frente!

“Que fazem aqui, forasteiros? Este local não serve para pézinhos como os vossos! Desçam imediatamente, quem vos ordena sou eu!” gritou a cabra-montês, de forma autoritária.

A raposa, apesar de ter sentido um pouco de medo, respondeu: “Cabra-montês, nós viemos numa missão e temos de subir ao topo da montanha. Não podemos ir embora sem cumprir o nosso objetivo. E, para isso, viemos pedir a tua ajuda!”

A cabra-montês soprou pelo nariz e repetiu que se fossem embora.

Nisto, o bravo veado-vermelho perdeu o medo e chegou-se à frente: “Desculpa-nos a insistência, cabra-montês, mas nós vamos subir, quer queiras quer não queiras!”

A cabra-montês soltou uma gargalhada de espanto e disse: “Aqui quem manda sou eu, ou achas que esse tamanho me mete medo?”

O veado-vermelho era maior, mas como ainda era jovem tinha as hastes mais pequenas que os chifres fortes da cabra-montês.

“Se eu te desafiar para um duelo, as minhas hastes contra as tuas, e conseguir ganhar, deixas-nos passar?” desafiou o veado-vermelho, cheio de coragem.

“Ahahah” riu a cabra-montês “Se me conseguires ganhar até vos levo lá a cima!”

E então, o veado-vermelho e a cabra-montês colocaram-se em posição, prontos para ver quem era o mais forte.

Quem será que irá ganhar? Será que os nossos amigos vão conseguir chegar ao topo? E que aventuras os esperarão lá em cima? Não percas a resposta a esta e outras perguntas no próximo post, dia 1 de março, aqui no blog Dá a Mão à Floresta.

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