Uma casa antiga que estava no meio da floresta surge aos quatro amigos, por detrás da vegetação.
“Foi ali que vi a lagarta ainda hoje”, disse a raposa. A casa estava cheia de andorinhas atarefadas, voando de um lado para o outro.
O lagarto, deslumbrado, exclamou: “Uau! Nunca tinha visto tantas andorinhas no mesmo sítio. Que lindo! Bem, mas não me posso distrair, tenho mesmo que encontrar a minha lagarta…”
“Repitam, por favor, algum de vocês disse lagarta?”, disse uma apressada andorinha, que voava a grande velocidade, sem parar.
“Sim, ouviste bem! Viste-a por aí?”, perguntou o lagarto.
“Se vi? Por favor levem-na daqui! Ela está farta de comer as moscas que nós, andorinhas, tanto adoramos! Olha para ela ali, naquele canto!”
O lagarto olhou e deu pulos de contente quando percebeu que se tratava da sua amada lagarta: “Minha querida lagarta, estava tão preocupado! Como vieste aqui parar, tão longe de casa?”
A lagarta saltou para os braços do lagarto e suspirou: “Meu lagartinho, vieste buscar-me! Eu perdi-me, fiquei tão assustada… e tu sabes que quando fico assustada abre-me o apetite e não consigo parar de comer! Ia arranjando problemas com estas andorinhas e tudo!”
“Ai pois ias! Ias sim senhora! Onde é que já se viu, virem para a nossa casa e comerem-nos o jantar!” respondeu a andorinha que voava em ziguezague.
“Andorinha, vais fazer o favor de perdoar esta pequena lagarta, não vais?” disse a raposa, mostrando os dentes.
“Vou pois. Claro que vou! Se é a raposa a pedir está já perdoada! Perdoadíssima!” exclamou a andorinha, que voou rapidamente à volta da casa e desapareceu.
Os amigos do grupo riram-se e fizeram, naquele momento, uma promessa entre todos: “a partir de hoje, iremos encontrar-nos todas as semanas, nesta mesma casa, para celebrar as amizades que fizemos entre nós”.
Todos os amigos concordaram e despediram-se com abraços: o casal de lagartos voltou para o leito do rio, o coelho partiu para o campo de cenouras e a abetarda voltou para o seu local de sestas favorito. A raposa ficou a olhar para os seus novos amigos enquanto partiam. “Agora vou voltar à minha vida solitária, onde todos têm medo de mim?” pensou ela, cabisbaixa.
Enquanto se afastava sem rumo, a raposa pisou um túnel sem querer, destruindo-o.
“Pronto, lindo serviço!” exclamou uma voz vinda de um arbusto. “Não tinhas mais nenhum sítio para pisar?”
Era uma doninha-anã, muito rabugenta.
“Oh pequenota, a tua sorte é eu ser uma raposa mudada, senão não falavas assim comigo!” disse a raposa, com autoridade.
“Eu posso ser pequena mas não te metas comigo!” exclamou a doninha, apoiando-se nas patas traseiras. “Agora como é que eu vou encontrar o caminho para o meu abrigo? É que… sabes, eu não sou grande especialista em escavações!”
“Mas que mau feitio, ainda é pior do que eu!” pensou a raposa. “Bem, eu até te ajudava, mas não consigo fazer buracos tão pequenos…” disse, por fim, olhando a pequena doninha irritada.
“Bem, mas segundo o código da floresta, vais ter que me recompensar por este dano!” Disse a doninha, muito despachada.
A raposa, fazendo um esforço para se manter calma, conforme tinha aprendido com os seus novos amigos, perguntou: “Recompensar como?”
“Oh, isso não sou eu que decido! Vamos ter que consultar o sábio sapinho-das-verrugas-verdes, o maior sabedor das leis da floresta! Tu és raposa, estás habituada a não seguir leis, mas destruíste o túnel da doninha errada! Anda, é por aqui!”
Quem será este sábio sapinho-das-verrugas-verdes? Será que a raposa vai saber lidar com o mau feitio da doninha? Não percas a resposta a esta e outras perguntas no próximo post, dia 2 de junho, aqui no blog Dá a Mão à Floresta.