O Lagarto e o Dia dos Namorados

“Então, viste quem ganhou a corrida, ó azul?” Perguntou a Lontra, muito ansiosa.

Um grande lagarto-de-água, nem ligou à pergunta.

“Viste, ou não viste?”, insiste agora o Abutre.

“O quê?!”, diz o Lagarto. “Estava tão concentrado a apanhar esta mosca que nem reparei que vocês estavam a brincar na água. ” E volta a concentrar-se na caça de insetos.

“Olha que isto é coisa séria!” insistiu a Lontra, e depois perguntou: “E se nós fizermos outra corrida, podes estar mais atento e ver quem é o vencedor?”

“Gostava muito Lontra, mas não posso”, respondeu o Lagarto um pouco nervoso: “Sabes, estou apaixonado por uma lagarta muito bonita, mas como o dia dos namorados está quase a chegar, não quero voltar para ela sem ter nada para lhe oferecer.”

“Pois, eu vi logo. Estás todo azul!” brincou o Abutre, “Por isso é que nem te finquei o dente… acho que nem nunca comi nada dessa cor.”

E a Lontra acrescentou, “E onde anda essa lagarta?”


Os olhos do Lagarto subitamente ficaram tristes: “Não sei… a última vez que a vi estava junto a uma árvore. Mas como a vegetação é densa, perdia-a de vista.”

O Abutre e a Lontra olharam um para o outro. Eles queriam ajudar, mas nunca se tinha aventurado naquela parte da floresta. Tinham medo das coisas que lá vivem…

Sem querer dar parte fraca, o Abutre tentou ser simpático: “Nós até te ajudávamos… o problema é que… nós temos mesmo que ver qual de nós é mais rápido.” Depois, fez uma pequena pausa e disse ainda: ”Mas tenho um amigo que hoje se vai embora para outro país. Talvez te possa fazer companhia. Ele vem cá daqui a pouco para me dizer adeus.”

O Lagarto não escondeu a alegria: “Obrigado! Obrigado, Abutre!”

Alguns minutos depois, os três amigos veem duas longas pernas a caminhar na sua direção. E, sobre elas, um corpo coberto de penas rosadas.

“Olá Abutre! Está na hora de me ir embora. Portugal é muito frio para mim, nesta altura. Quem são os teus amigos?”, perguntou um flamingo cor-de-rosa muito alto.


O Abutre olhou para os outros dois e respondeu: “Eles não são bem meus amigos. São conhecidos, vá. Este é o Lagarto-de-água e aquela é a Lontra.”

“Olá!” disseram a Lontra e o Lagarto ao mesmo tempo.

O Abutre continuou: “Vais passar pela parte mais densa da floresta, não é?” O Flamingo disse que sim, movendo o seu longo pescoço.

O Lagarto aproveitou a oportunidade para perguntar um pouco a medo: “Eu também vou para lá… achas que… achas que… podia ir contigo? Estou à procura de uma lagarta e, com as tuas longas pernas, podias ajudar-me a encontrá-la.”

O Flamingo nem hesitou: “Claro que sim. Com o maior prazer. A minha viagem é longa e adoro ter companhia.”

O Lagarto agradeceu e pediu ao Flamingo que lhe desse só uns minutos para apanhar mais umas moscas para oferecer à sua amada.

Pouco depois, já estava o Lagarto-de-água às costas do Flamingo. Lá do alto, acenaram ao Abutre e à Lontra que foram ficando para trás.

Será que o Lagarto e o Flamingo vão encontrar a lagarta? E o que haverá naquela parte da floresta que tanto medo causa ao Abutre e à Lontra? Não percas a resposta a esta e outras perguntas, no próximo post, em Março, desta história aqui no blog Dá a Mão à Floresta.

Partilha: