O SEGREDO DO SAPINHO!

Enquanto voavam de regresso ao seu ninho, a família de cegonhas comentava alegremente a mudança que aconteceu na vida do sapinho.

“Esta é uma lição para ti, filhote” disse a mãe cegonha. “O grande objetivo da vida é sermos felizes e fazer feliz quem nos rodeia. E se, por algum motivo, achares que para seres feliz tens de fazer mudanças na tua vida, então coragem e arrisca!”

Os olhos da pequena cegonha brilhavam a ouvir as palavras da mãe. “Sim, mamã, e eu já sei o que quero ser quando for crescida! Vou juntar-me às andorinhas que chegam na primavera, e vou acompanhá-las de regresso a África. Depois, como tenho uma excelente memória, vou ser a primeira cegonha do mundo a traçar um mapa aéreo da viagem das andorinhas!”

“Oh, muito boa ideia! O teu avô também adorava viagens. Conhecia Portugal de uma ponta à outra!” respondeu o pai cegonha, que, depois de uns momentos de silêncio, mudou de assunto e perguntou à mãe cegonha o que é que o sapinho lhe tinha dito ao ouvido.

“Segredo é segredo.” respondeu a mãe cegonha. “Não posso contar por respeito ao nosso amigo sapinho. Mas também mesmo que contasse, não sei se irias perceber… Pelo menos eu não consegui perceber de que se tratava o segredo!”

As cegonhas voaram e voaram, chegando ao ninho umas horas mais tarde. Quando chegaram foram logo aninhar-se e dormiram um sono revitalizante.

Ao acordarem, no dia seguinte, as cegonhas concordaram que passear é muito divertido, mas que também sabe muito bem voltar a casa. Depois de tomarem um belo pequeno-almoço, que é uma das refeições mais importantes do dia, as cegonhas filho e pai despediram-se da cegonha mãe, que partiu em busca da raposa.

Não era assim tão fácil encontrá-la, pois a floresta é muito grande e a raposa poderia estar em qualquer sítio. Mas a cegonha era muito esperta e teve uma ideia. Dirigiu-se rápidamente ao charco onde o sábio sapinho costumava estar e sem surpresas encontrou a doninha e a raposa, atarefadas, atendendo uma longa fila de animais aflitos.

“Se estás zangado com a lontra porque é melhor que tu a apanhar peixe, porque não fazem um acordo e tu levas-lhe algo que ela não seja tão boa a apanhar, mas que tu apanhas com facilidade?” Dizia a raposa a um melro-preto muito enérgico.

“Sim, pode ser uma boa ideia! Será que a lontra gostava de ter uns óculos de mergulho? Talvez… Vou perguntar-lhe amanhã! Obrigado, sábia raposa!”

“Já disse para não me chamarem isso! Tomara que o sapinho volte rápido, estou farta de tanto dar conselhos aos animais da floresta!”, desabafou a raposa, antes de a cegonha ter aterrado bem ao lado dela.

“Que susto, cegonha! Mas ainda bem que chegaste, não aguento mais tanto ajudar. O sapinho pode até não ser sábio, mas tem uma paciência do tamanho do mundo! Por falar nele, onde está?” perguntou a raposa, aliviada.

“Lamento informar-te mas o sapinho tão cedo não volta! Contudo, não te preocupes pois ele está muito feliz e tu também vais ficar, isto porque vais poder sair daqui e deixar a doninha resolver estes problemas sozinha. Pela cara dela, não se importa nada!” Disse a cegonha, com um sorriso.

A doninha adorava ser chamada de sábia e estava a dar-se muito bem com o seu novo papel. Em cima de uma rocha alta, falava para todos os animais que precisavam de ajuda e era tão requisitada como a raposa. Como estava muito empenhada na sua função, nem desceu da rocha para cumprimentar a cegonha, apenas acenou ao longe.

“Sim, ela fica bem aqui sozinha. Mas vou poder sair daqui para onde? E o sapinho, que é feito dele?” perguntou a raposa, que era naturalmente desconfiada.

A cegonha colocou a asa sobre as costas da raposa e disse, orgulhosa: “Acho que o sapinho encontrou o amor. O amor por uma bela sapinha e o amor-próprio, que é ainda mais importante! E eu estou aqui precisamente porque o sapinho, antes de se despedir de mim, pediu-me para te confiar um segredo que lhe pareceu muito importante…”

“Um segredo? Para mim? Conta, conta, estou curiosa!” respondeu a raposa, visivelmente interessada no que a cegonha tinha para dizer.

“Pensava que a curiosidade era característica dos felinos!” gracejou a cegonha, que depois continuou:

“O segredo era o seguinte: existe um ninho de codorniz no sítio onde a terra e o céu se tocam. Debaixo do manto branco estará enterrado, e quem o encontrar deve levá-lo ao mais velho animal da floresta”.

Quando a cegonha acabou de falar, a raposa ficou de boca aberta. Levou um tempo a recompor-se do espanto, e depois disse: “Mas isso era suposto ser uma lenda! O que é que o sapinho quer que eu faça? Não pode esperar que eu encontre o ninho!”

A cegonha encolheu os ombros e respondeu que o sapinho não lhe tinha dito mais nada. A raposa ficou a olhar para o chão durante alguns segundos, respirou bem fundo, levantou-se e disse, cheia de confiança: “Se o sapinho disse isso, eu vou confiar. Mas, para partir nessa aventura, vou ter de reunir uma equipa muito especial! Cegonha, avisa a doninha que vou partir. Não há tempo a perder!”

Que segredos guardará este misterioso ninho? Será que a raposa vai conseguir chegar até ele? E que equipa especial é que a raposa irá reunir? Não percas a resposta a esta e outras perguntas no próximo post, dia 1 de fevereiro, aqui no blog Dá a Mão à Floresta.

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