Foi só depois de chegarem ao cimo da mais alta montanha que a cabra-montês revelou ao grupo que, até então, tinha tido medo de subir tão alto.
Incentivada pelo ratinho, que continuava sentado às suas costas, disse:
“Se não fossem vocês, nunca conseguiria ter chegado tão alto. Muito obrigada por me terem ajudado.”
Todos os animais sorriram para a cabra-montês, incluindo a sua irmã, que, apesar de não ter falado, acenou com a cabeça e fez um sorriso de aprovação.
A marta achou o momento bonito, mas estava cansada e impaciente:
“O que acham de pararmos aqui para descansar e amanhã fazemos o resto do caminho em busca da Lenda do Ninho de Codorniz?”
Nenhum dos animais tinha vontade de parar. Nunca tinham estado tão perto de descobrir a lenda e estavam demasiado entusiasmados para fazer a vontade à marta.
“Não é altura de parar agora, marta. Ainda é de dia e podemos aproveitar para fazer mais uns quilómetros.”
Todos os animais concordaram…. menos a marta, que seguiu contrariada.
Ainda assim, o ambiente estava muito divertido. Todos os animais se sentiam bem e entoavam cânticos e divertidas músicas.
O mais efusivo a cantar era o ratinho:
“Subir, subir sem parar
Para encontrar a Lenda do Ninho de Codorniz
Se for a sorrir e a cantar
Sei que vou ser mais feliz”.
– “Todos juntos” dizia a toupeira.
E os animais correspondiam e riam em conjunto. À medida que iam andando e cantando, alguns animais por quem iam passando, principalmente pássaros, queixavam-se porque, realmente, era um coro feliz, mas desafinado.
Já estavam a andar há muitas horas quando a marta se voltou a queixar:
“Amiguinhos, estou cansada, preciso de parar. Estamos a caminhar desde manhã e acho que devíamos fazer…”
Mas antes que conseguisse terminar, ouviu-se um som forte, que nenhum dos animais alguma vez tinha ouvido.
E, por isso, nenhum deles o conseguia identificar. Todos ficaram curiosos. O veado-vermelho foi o primeiro a dizer aquilo que todos estavam a pensar:
“Vamos seguir este som. De certeza que é um sinal da Lenda do Ninho de Codorniz. Estamos perto, tenho a certeza!”
O ratinho concordava.
“Sim, não podemos parar agora! Eu acho que o som veio dali”.
Disse, apontando para um lado.
Mas a toupeira achava que era noutra direção e todos começaram a falar ao mesmo tempo.
O barulho era muito e não estavam a chegar a nenhuma conclusão.
De repente, ouviu-se um grito:
“Parem de discutir!”
Todos olharam para a marta espantados:
“A Lenda do Ninho de Codorniz tem uma frase que diz: quando não souberes para onde ir, vai em direção a norte. Mesmo que não saibas o que está para vir, é o lado que te vai dar sorte!”.
Depois deste momento, todos pareceram concordar com a marta e seguiram caminho com entusiasmo.
A lenda estava certa! Andaram menos do que esperavam quando se cruzaram com as pegadas da codorniz.
Daí a encontrarem o seu ninho, foram mais duas canções e duas discussões, que passaram num instante.
“Bem-vindos” disse a codorniz tentando fazer um ar imperial.
A cabra-montês chegou-se à frente para falar.
“Olá codorniz. Não imaginas o que caminhámos para chegar até aqui”.
A toupeira completou: “Ouvimos falar da lenda do teu ninho e partimos à aventura. Pelo caminho, fomos fazendo amigos e por isso é que somos um grupo tão grande.”
A codorniz não respondeu e, por isso, a marta decidiu tentar a sua sorte.
“Codorniz, passámos por muito para chegar até aqui. Podes explicar-nos que lenda é esta de que tanto nos falaram?”
Os animais trocavam olhares, percebendo o desânimo nas caras uns dos outros.
O ratinho estava desolado, mas não desistiu!
“Codorniz. Viemos de longe. Atravessámos chuva, sol, frio e calor. O sapinho mandou-nos com um objetivo e queremos saber qual é. Por favor, ajuda-nos.”
Desta vez, a codorniz pareceu prestar mais atenção. Muito lentamente, levantou-se e olhou para os animais.
Depois sorriu e disse:
“Olá amigos. Estavam a falar comigo? Desculpem, mas ouço muito mal…”
Os animais respiraram de alívio e desataram às gargalhadas.
“O sapinho disse-nos para procurarmos a Lenda do Ninho de Codorniz!” gritou a marta.
“Aquele sapinho é sempre a mesma coisa” disse a codorniz, sem parecer surpreendida.
“Não são os primeiros que aparecem aqui, a mando dele. A verdade é que essa lenda, foi o sapinho que a inventou”.
A cabra-montês parecia confusa e quis perceber o que se passava: “como assim, o sapinho inventou? Ele disse-nos que íamos encontrar alguma coisa…”.
“Mas não vos disse o quê! E sabem por quê? Porque a Lenda do Ninho do Codorniz foi uma viagem que o sapinho inventou. Como sabem, ele é muito sábio. E, por isso, percebeu que quando vários animais se juntam, ficam amigos e conseguem ultrapassar obstáculos que sozinhos não conseguiriam. Percebem onde quero chegar?”, perguntou a codorniz.
O ratinho, que começou por ser um dos mais zangados, parecia agora entender o que a codorniz lhes queria dizer.
“Então quer dizer que a lenda não existe, e que o sapinho fez com que subíssemos isto tudo…para nada?”
A codorniz sorriu uma vez mais.
“Não, ratinho. Já viste a quantidade de amigos que fizeste pelo caminho? A quantidade de coisas que aprendeste? O que o sapinho queria era que vocês percebessem que sozinhos vão mais rápido, mas…”
E antes que pudesse terminar, todos os animais disseram ao mesmo tempo: “Juntos chegamos mais longe”.
Já todos tinham ouvido aquela frase, dita pelo sapinho.
De repente, tudo fez sentido e houve um sentimento de ânimo geral. Todos estavam contentes e orgulhosos por terem feito aquela viagem! Mas acima de tudo, por terem conseguido ultrapassar obstáculos muitos difíceis.
A codorniz sorriu e abriu as asas, feliz.
“Amigos, estou muito feliz por terem ouvido o sapinho e terem chegado até aqui. Já sabem o que vão fazer a seguir? Por hoje, o que acham de ficarem aqui a descansar?”
Estavam todos muito cansados. Depois de uma aventura tão longa, soube-lhes bem aceitar a proposta da codorniz.
Qual será a próxima aventura dos animais da floresta? Será que o grupo se vai manter unido ou escolhem seguir caminhos diferentes? Terá o sapinho preparado mais surpresas? Descobre a resposta a todas estas perguntas no próximo post, dia 9 de junho, aqui no blog Dá a Mão à Floresta.