Uma visita de dois amigos à cegonha.
“Rosas?” – perguntou timidamente o sapinho-de-verrugas-verdes – “Achas que vai resultar, doninha?”.
“Claro que sim!”, respondeu-lhe a doninha-anã, cheia de confiança, “Em menos de nada vais encontrar uma sapinha que te preencha o coração!”.
O sapinho olhou para as rosas, depois para a raposa e para a doninha, e sorriu.
“Se tu o dizes…”, disse ele, enquanto olhava para as cheirosas rosas que a doninha lhe tinha oferecido, ainda não totalmente convencido.
Nisto, a raposa deu um valente salto e exclamou:
“Sapinho, tive uma ideia! Sabes quem é que te podia ajudar a encontrar uma noiva? Uma cegonha que eu conheço e que vive não muito longe daqui!”.
“Uma cegonha?”, perguntou o sapinho, sendo logo interrompido pela raposa “Sim, claro! Se há especialista em amor, é a cegonha! Ela quando encontra alguém de quem gosta, é para a vida…”.
“Para a vida?”, disse a doninha, “Sim!”, retorquiu a raposa, logo continuando “Por isso, se há alguém que sabe como encontrar o amor verdadeiro, é ela… Querem vir comigo visitá-la? Pode ser que nos ajude.”
“Raposa, sabes que por vezes as cegonhas olham para os sapinhos de forma gulosa…”, disse o sapinho, que para muitas coisas era realmente sábio. A raposa, sorrindo, respondeu: “Não te preocupes, sapinho, comigo estás seguro!”. O sapinho e a doninha trocaram então um olhar, e logo responderam ao mesmo tempo “Vamos!”.
“Mas…” e antes que o sapinho pudesse falar, a raposa interrompeu-o: “Queres que te leve o ramo de rosas na boca?”.
O sapinho acenou que sim, feliz, já que por causa do seu tamanho, seria muito difícil para ele carregar aquele formoso ramo de rosas.
Os três colocaram-se então a caminho, a raposa com o ramo de rosas entre os seus dentes, entrando pela floresta adentro. Depois de andarem durante algum tempo, começaram a ver alguns postes de eletricidade de madeira. Junto aos primeiros postes, um grande campo de bonitas margaridas de pétalas brancas imaculadas. “A cegonha vive por aqui…”, disse a raposa entredentes, graças às rosas que ainda levava com ela.
“Não estão a ouvir nada? Parece um bater de asas…”, disse a doninha-anã.
Os três olham para cima, para o céu e… Eis que, inesperadamente, com grande espalhafato, uma jovem cegonha cai diante deles!
“Estás bem?”, perguntou a raposa, enquanto largava o ramo de rosas no chão e a ajudava a levantar.
“Eu… eu… acho que sim…”, respondeu-lhe a atarantada cegonha “As margaridas amorteceram-me a queda.”
“Não sabes voar?”, perguntou a doninha, ainda a olhar para os céus.
“Sei, claro! Todas as cegonhas sabem voar!”, respondeu a orgulhosa cegonha, logo baixando a cabeça e revelando: “Mas eu ainda sou uma cegonha jovem… Estou a aprender a voar para fazer uma surpresa aos meus pais… E agora estava quase, quase a conseguir!”.
O sapinho trocou um olhar cúmplice com os seus companheiros de viagem, a doninha e a raposa, e disse “Cegonha, acho que te podemos ajudar!”.
“Ajudar-me como?”, perguntou a cegonha, “Se nenhum de vocês sabe voar…”.
Sorrindo, o sapinho respondeu “Não sabes que sou o sapinho mais sábio da floresta?”, e piscou-lhe o olho, Só precisas de fazer alguns exercícios de treino!”.
“Se tu o dizes…”, retorquiu a cegonha.
“Claro, anda lá!”, disse o sapinho, ao mesmo tempo que começava a abanar os braços com vigor, como se fossem asas, e corria veloz.
“Vá, cegonha, faz como eu! Raposa, doninha, juntem-se a nós!”, gritou o sapinho, incentivando os seus novos amigos a participarem.
A raposa e a doninha assim fizeram, e em menos de nada, todos estavam a participar na sessão de treinos que o sapinho havia improvisado.
Uma corrida, duas corridas, três corridas depois e todos estavam já cansados, das pernas e das asas, no caso da cegonha. “Achas que isto ajuda?”, perguntou a cegonha ao sapinho-de-verrugas-verdes. “Claro que sim! Este treino ajuda a fortalecer-te as asas, precisas de ter mais músculos para conseguires voar como as outras cegonhas! Se fizeres este treino mais vezes, vais ver que rapidamente estarás a voar, junto às nuvens.”
Subitamente, uma grande sombra cobre os nossos quatro amigos: era uma cegonha adultaque pousava!
“Mãe!”, disse a jovem cegonha, “O que fazes aqui?”.
A grande cegonha, olhando para o sapinho, para a doninha e para a raposa e não percebendo muito bem o que estava a acontecer, respondeu com uma voz grave:
“Filho, voltei mais cedo com o teu pai ao ninho e não te encontrámos lá… Ficámos muito preocupados, tu ainda não consegues voar! O que fazes aqui?”.
Um pouco envergonhada, a jovem cegonha respondeu: “Estou a tentar voar como as outras cegonhas, mãe… Quero sair do ninho e ir contigo e com o pai em aventuras!”. Sorrindo com ternura e colocando-lhe a grande asa branca sobre o ombro, a mãe cegonha disse-lhe “Filho, tens tempo para aprender a voar bem, ainda és muito novo… E pelo que vejo, até já consegues voar alguns minutos, afinal, conseguiste chegar até aqui!”.
A cegonha mãe virou então a atenção para a raposa. “Raposa, o habitante mais terrível da floresta! Há muito tempo que não nos víamos… O que fazes tu aqui, tão distante de casa?”
“Já não sou assim tão terrível, cegonha…”, respondeu-lhe a raposa, “Na verdade, estou a tentar fazer novos amigos… Por isso é que te vim ver, juntamente com a doninha e o sapinho.”
“Trouxeste um sapinho, bem vejo…”, interrompeu a cegonha, olhando fixamente para ele.
“Não te ponhas com ideias, cegonha!”, disse logo a raposa, “Estou a tentar ser mais simpática e amiga, mas ainda tenho uns dentes afiados!”.
“Sim, sim, eu sei, raposa… Mas conta lá, porque me vieste ver?”
O sapinho meteu-se na conversa, e disse-lhe: “Cegonha, eu posso ser conhecido como o sapinho mais sábio da floresta, mas no que toca ao amor… Nem por isso. Por isso, viemos ver-te, a raposa disse-nos que tu eras a maior especialista em amor que conhecia.”
“Sapinho, sapinho… A raposa não está enganada, se procuras uma sapinha para amar, talvez te possa ajudar. É verdade que as cegonhas sabem uma coisinha ou duas sobre o amor. Mas vieste numa má altura, sabes?”
“Então porquê?”, perguntou o sapinho à cegonha.
“É que eu e o meu marido íamos agora visitar uns familiares.”, respondeu-lhe a mãe cegonha, “E o ninho deles fica longe daqui, nos rochedos junto à praia, por isso íamos viajar ainda hoje.”
Mas ao ver a expressão de tristeza na face do sapinho, a cegonha disse-lhe:
“Sapinho, antes de irmos… Eu posso ajudar-te!”
Na face do sapinho irrompeu então um grande sorriso de felicidade.
Será que o sapinho finalmente vai descobrir como conquistar a sua sapinha? E que aventuras aguardam a cegonha nos rochedos marítimos? Não percas a resposta a esta e outras perguntas no próximo post, 2 de agosto, aqui no blog Dá a Mão à Floresta.