Um Amigo Inesperado

A Estória de um Amigo Inesperado

Um Amigo Inesperado - Raposa e Coelho

“Ra…Ra…Raposa!” gaguejaram o coelho e o lagarto, cheios de medo.

“Fujam! Essa raposa é a mais terrível de toda a floresta!” gritou a abetarda, em cima do ramo. “Se ficarem aí, eu não sei o que ela vos fará!”.

A raposa, com o seu sorriso matreiro e dentes afiados, soltou uma gargalhada antes de dizer: “Não vale a pena fugirem, não há escapatória possível! Sou a raposa mais veloz que algum dia irão encontrar!”.

“Oh raposa, por favor! Eu só estava à procura da minha querida lagarta! Será que nos podes deixar ir embora sem nos fazeres mal?” implorou o lagarto.

A raposa, que andava à volta deles, disse-lhes com uma voz muito séria: “Eu nunca fui ajudada por ninguém, por isso também não conto ajudar-vos!”

O coelho e o lagarto fecharam os olhos, cheios de medo, até que a abetarda, lá do cimo do ramo, gritou: “Espera! Raposa, espera!”.

A raposa, surpreendida pelo grito da abetarda parou e, olhando para cima, disse-lhe “Que queres tu, passarão? Vai-te embora antes que eu aprenda a subir árvores e te vá aí buscar!”

Um Amigo Inesperado - A Abetarda enfrenta a Raposa

“Pois podes vir! Acredito que consigas aprender a subir árvores, mas nunca aprenderás a voar!” Respondeu a abetarda, confiante.

“Não a enerves mais, abetarda! Estás doida?” gritou o coelho, zangado.

“Não te preocupes, coelho. Esta raposa tem muito mau feitio, mas nós poderemos torná-la mais dócil!” disse a abetarda, dando saltinhos no seu ramo.

“Tornar mais dócil, a mim? Ah! Ah! Ah! És um pássaro muito engraçado! Eu sou a raposa mais terrível desta floresta! Todos têm medo de mim!”

“Pois e eu já sei porque tens tão mau feitio!” respondeu a abetarda. “Aqui de cima consegui perceber tudo!”

A raposa ficou surpreendida pela resposta da abetarda e deixou de olhar para o coelho e o lagarto, que se tinham refugiado num arbusto.

“Conseguiste perceber o quê?” perguntou, espantada, a raposa.

A abetarda deu um pulo e pousou no chão. A raposa ficou alerta, mas curiosa com aquela atitude.

“Não te mexas, não tenhas medo!” disse a abetarda, enquanto caminhava na direção da raposa.

A raposa, orgulhosa, disse que não tinha medo de nada e, curiosa, deixou a abetarda aproximar-se.

A abetarda colocou-se ao lado da raposa e, com o seu bico, tirou-lhe um grande espinho da cabeça.

Um Amigo Inesperado - A Abetarda tira o Espinho

“Ai! Que alívio! Há anos que tinha esse espinho aí preso, e nunca o tinha conseguido tirar!” disse a raposa, dando um salto.

“Pois é! Se não tivesses tão mau feitio, tinhas amigos que te pudessem ajudar, como eu acabei de fazer!” disse a abetarda, em tom de sermão.

“Mas porque me ajudaste? É a primeira vez que alguém é simpático para mim…mesmo quando eu estava a ser mau para vocês!”

“Pois é, às vezes o mau feitio conquista-se com carinho…o que tu precisas é de bons amigos!” respondeu a abetarda, com uma asa por cima da raposa.

“Mas ninguém vai querer ser meu amigo. Já fiz tantas maldades!”

“Nós vamos!” disseram o lagarto e o coelho, enquanto saíam do arbusto.

A raposa ficou muito contente e pediu desculpas, dizendo: “Para vos compensar, vou dizer-vos onde está a lagarta que procuram. Vi-a ao pé da casa das andorinhas. Fica perto daqui. Vamos?”

Será que é desta que os nossos amigos encontram a lagarta?  Não percas a resposta a esta e outras perguntas no próximo post, dia 2 de maio, aqui no blog Dá a Mão à Floresta.

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